atores e atrizes de jesus

CONCEITOS PARA O TRABALHO DO ELENCO
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O elenco de JESUS VEM DE HANNOVER é composto por Giorgia Conceição, Léo Glück, Angelo Cruz, Ana Ferreira, Andrew Knoll e Wagner Correa - grupo responsável pela criação dos últimos espetáculos e leituras dramáticas silenciosas, como Open House, Iracema 236ml, Parasitas, El Murciélago Desenfrenado, Mecânica e Jesus Vem de Hannover (leitura).
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Utilizamos o conceito de Kitsch, empregado pela Encenação na articulação de todos os elementos da obra. O atuante como elemento tendencioso, deflagrando construções de sentido e sendo enredado por outras. O kitsch da interpretação aparece na tênue fricção entre ator e personagem. Os dois estão a todo momento em cena, resvalando-se, num constante jogo de semi-ocultamento. Não se trata do verfremdungseffect brechtiano propriamente, onde encontramos momentos específicos de rasgo da ficção e explicitação retumbante da presença do ator em cena (buscando, primordialmente, a quebra da empatia direta do personagem com a platéia para ressaltar a proposta racional e analítica da peça): partimos desse conceito para alcançar um estado mais sutil e detalhista, incitando ironicamente o espectador, surpreendendo-o, malicioso. Um continuum que se apresenta em todo instante para e com o espectador, gerando novos olhares, novas percepções da mesma ficção, sem quebrá-la, e sim atingindo o que chamamos de desgaste. Desgaste da personagem e da figura do ator a um só tempo, explicitando metalingüisticamente as ferramentas da encenação ao espectador. Kitsch e metalinguagem re-elaborando ironicamente o estranhamento postulado pelo encenador alemão – uma atualização necessária.
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O que é e o que não é: o que parece ser. O que se esconde e se apresenta, falsamente, como outro. O atuante seduz a platéia, adocicado, atraindo e canalizando as energias. E nesse seduzir, nessa conquista, vislumbra-se o oco, o não-ser, o ser outro, o ser ator. O bizarro que brota da beleza, e vice-versa. Comportamento kitsch, em um ser – cênico – que não é outra coisa senão kitsch. A ironia, a malícia, a sem-vergonhice do ator em cena, que engana e compartilha esse enganar: a platéia cúmplice de seu próprio simulacro. O que se diz não é exatamente o que se diz, nada é exatamente o que parece ser. Interpretação camuflada.
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O atuante está em cena com o espectador: ambos são a cena. A presença, a consciência da presença cênica é fundamental para o atuante. Ele é o re(a)gente do fenômeno teatral enquanto presentificação, enquanto realidade. Porém, isso não pode gerar uma histeria por parte do elenco. O atuante é responsável pela sua própria madureza cênica, e é seu papel contracenar em mão dupla com a platéia.
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O resultado que buscamos não é um elenco uno, ingenuamente homogêneo. Priorizamos a individualidade do atuante, que utiliza a sua carga intelectual e corporal pessoal para compor a cena – e não simplesmente o personagem. O processo incentivará a geração de um ambiente caótico, torvelinho de idéias e sensações (cíclico, pensamentos e ações em rede), que, aos poucos, materializará o espetáculo.
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1 comentários:

Anônimo disse...

verfremdungseffekt

 

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